Pedal patagônico: as bicicletas

Caloi T-Type Pro do Fred
Minha (ex)Caloi T-Type Pro

Um elemento essencial para uma viagem de cicloturismo é a bicicleta, obviamente. Apesar de eu e a Sandra (minha esposa) termos nossas bikes, elas estavam longe de ser ideais para a empreitada pedagônica. A minha é uma Caloi T Type Pro, que até é boazinha, mas é uma mountain bike (MTB) — eu prefiro uma híbrida — e seu quadro não é do tamanho apropriado para mim (tenho 1,95 m de altura). A da Sandra é uma Sundown Lady Bird de 30 anos! Dado esse cenário, e sabendo que para uma viagem pela Patagônia teríamos que ter bicicletas boas que permitissem um pedal confortável, resolvemos investir em novas bikes.

Há tempos, já vinha namorando a aquisição de uma híbrida, uma bicicleta que é melhor que uma MTB para estradas e que uma estradeira (também chamada speed, tipo Caloi 10) para trilhas. Ou, se você preferir, não é tão boa quanto uma MTB para trilhas ou que uma estradeira para estradas. Em suma, é o ponto intermediário entre os outros dois tipos. Quase comprei uma Merida Crossway 10 alguns anos atrás, mas uma mudança inesperada para a Barra da Tijuca acabou com os meus planos.

Sundown Ladybird da Sandra
Imagine como ficaria esta bike depois de cruzar a Patagônia…

Começamos a procurar opções e, após uma dica recebida em Ibitipoca (Minas Gerais), fomos à loja do Renato Estrella, na Barra, onde o Vítor nos apresentou aos modelos SirrusCrosstrail e Crossover (fabricantes de híbridas não são muito criativos na hora de dar nome aos seus produtos), da Specialized. A Sirrus era a mais barata; a Crossover, a mais cara, porém considerada o melhor modelo para cicloturismo. Depois de pensar muito e consultar outras opiniões, acabamos optando pela Crosstrail: ambas modelo masculino, mas a minha com o quadro XXL e a da Sandra com o S.

Nunca pensei que iria gastar tanto numa bike, mas a vantagem de se investir um pouco (ou muito mais) mais, além da qualidade, é claro, é o tal do bike fit, o ajuste da bicicleta ao ciclista de maneira a aumentar o conforto e a eficiência. Marcas mais especializadas costumam ter modelos com diferentes tamanhos de quadro, por exemplo. Como eu disse lá em cima, tenho 1,95 cm e a Sandra tem 1,58 cm. Obviamente, uma quadro bom para ela não será legal para mim e vice versa. E realmente faz diferença. Depois de ter começado a andar na Crosstrail, tive que usar a T Type para sair um dia e me senti dirigindo um velocípede. Vale a pena investir um pouco mais no bike fit. Se você estiver interessado nesse assunto, o que não falta é informação na internet, desde sites, como esse e esse; apps; e calculadoras, como essa (as definições das medições 3 e 4 estão trocadas, mas, fora isso, funciona) e essa.

Mais uma coisa, quando compramos as bicicletas, a Renato Estrella não possuía uma Crosstrail tamanho S em estoque, só a Crosstrail Disc, que tem freio mecânico a disco e não V-brake. Minha intuição era não comprar a Disc, porque o freio V-brake é muito mais simples de se fazer manutenção, uma fator importante para cicloturismo, mas como queríamos começar a treinar logo, acabamos aceitando a sugestão do vendedor (outro, não o Vítor) de que o freio a disco era mais eficiente. Foi um erro. Devíamos ter encomendado a bike com V-brake. A manutenção do freio a disco, quando comparado com o V-brake, é um pesadelo, sem falar que todo o sistema é mais sensível. Além disso, recentemente descobrimos que o custo benefício dos tipos de freio em ordem decrescente é V-brake, disco hidráulico e disco mecânico.

Agora não tem volta. Vamos torcer para não dar nada errado na viagem.

Em tempo, a T Type agora pertence ao Luiz.

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